Maputo, Quinta-feira – O político mais aguardado do ano, Venâncio Mondlane, desembarcou no Aeroporto Internacional de Mavalane por volta das 8h e foi recebido com entusiasmo por uma multidão de apoiadores. O evento, inicialmente marcado pela euforia, rapidamente se tornou caótico devido à intervenção das forças policiais.
Desde as primeiras horas da manhã, milhares de moçambicanos se dirigiram ao aeroporto para recepcionar Mondlane, conhecido como “o presidente do povo”. Contudo, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) interveio com violência, disparando balas reais e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Jovens que tentavam acessar o aeroporto resistiram às investidas policiais, mas a repressão resultou em feridos e, tragicamente, em pelo menos uma morte confirmada.
Uma das vítimas fatais foi um homem atingido enquanto acompanhava o veículo que transportava Mondlane. Outro caso que chocou a população foi o de um chamador (Muadhin) da mesquita Bilal, que foi baleado na cabeça enquanto se dirigia ao local de trabalho. O incidente acirrou as críticas contra as autoridades policiais, acusadas de violar os direitos humanos.
Em meio à confusão, relatos indicam que um militar foi atingido por disparos, o que gerou tensão entre as forças armadas e a polícia.
Marcha histórica até ao Mercado Estrela Vermelha
Apesar da violência, Venâncio Mondlane liderou uma multidão impressionante do aeroporto até ao Mercado Estrela Vermelha, onde discursou para os apoiadores. Em tom desafiador, Mondlane declarou: “Se Chapo tomar posse no dia 15, Moçambique terá dois presidentes”.
Televisões nacionais em silêncio
Enquanto a capital estava paralisada pela movimentação popular, as principais emissoras de televisão do país, com exceção de uma, optaram por ignorar os acontecimentos. Críticos acusam as estações de participar de um “pacto de silêncio e de sangue” com o partido Frelimo, transmitindo programas de culinária e maquiagem enquanto milhares de pessoas ocupavam as ruas de Maputo.
O povo, no entanto, demonstrou sua força ao lotar as ruas e manifestar apoio ao líder que já se autoproclama presidente. Para os presentes, a chegada de Mondlane simboliza um novo capítulo na história política de Moçambique.