O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou nesta quarta-feira (10) ter recebido dois convites ligados à política moçambicana: uma carta do Presidente cessante, Filipe Nyusi, convidando-o para a posse do novo Chefe de Estado de Moçambique, Daniel Chapo, e outra do opositor Venâncio Mondlane, informando sobre o seu regresso a Maputo.
A informação foi divulgada em nota oficial no site da Presidência da República. No texto, lê-se que Nyusi enviou o convite na terça-feira (9), enquanto Mondlane comunicou a sua volta ao país nesta quarta-feira (10).
Apesar do convite para a cerimônia de posse, marcada para 15 de janeiro, Marcelo ainda não confirmou se estará presente. Questionado pelos jornalistas na última sexta-feira, o Presidente português evitou responder se participará da cerimônia e reforçou que incentiva o diálogo político em Moçambique.Chapo eleito em meio a controvérsias
O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou, no dia 23 de dezembro, Daniel Chapo como vencedor das eleições presidenciais realizadas em 9 de outubro, com 65,17% dos votos. A data da posse foi definida em 15 de janeiro.
As eleições, contudo, foram marcadas por críticas de observadores internacionais, que apontaram irregularidades no processo. Venâncio Mondlane, do partido Podemos, ficou em segundo lugar com 24,19% dos votos e tem questionado os resultados, enquanto Ossufo Momade, da Renamo, obteve 6,62%.
Marcelo apela ao diálogo democráticoLogo após o anúncio dos resultados, Marcelo emitiu uma nota destacando a importância do diálogo entre as forças políticas e evitando a tradicional saudação ao Presidente eleito.
“Saúdo a intenção já manifestada de entendimento nacional”, escreveu, sublinhando a necessidade de respeito pelos direitos humanos, democracia e Estado de direito.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, também comentou o processo eleitoral, desejando que a transição ocorra de forma pacífica e inclusiva. “Os laços fraternais entre Portugal e Moçambique permanecem um compromisso sólido para o futuro”, declarou.
Tensões pós-eleitorais
As eleições gerais em Moçambique incluíram a escolha do Presidente, da Assembleia da República e dos governos provinciais, mas foram seguidas de protestos violentos. Venâncio Mondlane, que reivindica a vitória, é apontado como um dos principais líderes dessas manifestações.
O futuro político de Moçambique permanece incerto, enquanto a comunidade internacional acompanha os desdobramentos do processo de transição no país africano.