Face ao baixo nível de armazenamento na albufeira da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), Moçambique considera negociar com os vizinhos Zâmbia e Zimbábue a liberação de 20 a 25 mil milhões de metros cúbicos de água do rio Zambeze. A informação foi confirmada por Agostinho Vilanculo, chefe do Departamento de Gestão de Bacias Hidráulicas do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos.
Atualmente, o nível da albufeira está em 20% da capacidade, o que representa cerca de 12 mil milhões de metros cúbicos, muito abaixo dos 70% habituais para esta época do ano, correspondentes a 30 a 35 mil milhões de metros cúbicos.
Segundo Vilanculo, a negociação é essencial, pois, em caso de chuvas a montante, tanto a Zâmbia quanto o Zimbábue priorizam o enchimento das suas próprias barragens, como Kariba, situada entre os dois países.
“O mercado de água é uma possibilidade. Teremos que negociar e comprar água. A Zâmbia já afirmou que não permitirá a liberação de mais de 12 mil milhões de metros cúbicos, o que é insuficiente para nossas necessidades”, explicou.
Vilanculo destacou que a alternativa seria convencer os dois países a liberar 20 a 25 mil milhões de metros cúbicos, considerando a maior capacidade de geração de energia da HCB em comparação à barragem de Kariba. Apesar de maior em volume de armazenamento, com capacidade de 181 mil milhões de metros cúbicos, Kariba tem menor potência de geração de energia em relação à HCB.
“A HCB pode produzir e comercializar energia a preços bonificados, o que seria uma solução viável para todos. Os escoamentos no Zambeze, geralmente, vão até maio, o que permite algum espaço para planeamento”, acrescentou Vilanculo.
Enquanto Kariba dispõe atualmente de apenas seis mil milhões de metros cúbicos de água, a HCB, com capacidade para 51 mil milhões, opera muito abaixo do ideal. A negociação busca não apenas garantir o abastecimento energético em Moçambique, mas também evitar um agravamento da crise hídrica na região.