
Kigali, 26 de janeiro de 2025 – O governo de Ruanda expressou inquietação com o contexto insuficiente em declarações emitidas por diferentes atores sobre a crise no leste da República Democrática do Congo (RDC). Segundo autoridades ruandesas, informações distorcidas ou manipuladas não contribuem para a resolução do problema.
O recente agravamento dos combates na região de Goma foi atribuído a violações contínuas do cessar-fogo por parte das Forças Armadas da RDC (FARDC), que têm atuado em aliança com grupos como a milícia genocida FDLR, sancionada pela ONU, mercenários europeus, milícias étnicas (Wazalendo), tropas burundinesas, forças SAMIDRC e contingentes da missão de paz da ONU (MONUSCO).
Relatórios das Nações Unidas apontam que o Major-General Peter Cirimwami, então Governador Militar de Kivu do Norte, desempenhou um papel-chave na coordenação entre as FARDC e a FDLR antes de ser morto em combates próximos a Sake. Segundo as investigações, ele era responsável por sabotar operações destinadas a enfraquecer a liderança da milícia FDLR. A escalada da violência nas proximidades da fronteira ruandesa tem sido considerada uma ameaça direta à segurança e à soberania territorial de Ruanda, que mantém uma postura defensiva contínua.
Ruanda também rebateu alegações relacionadas ao ressurgimento do grupo rebelde M23, ocorrido no final de 2021. De acordo com o governo, a RDC tem responsabilizado Ruanda injustamente ao associá-lo à comunidade Tutsi congolesa representada pelo M23. O grupo, que afirma lutar pela proteção de sua comunidade no leste da RDC, não pode ser acusado de violar a integridade territorial de seu próprio país.
O governo ruandês também criticou o colapso das negociações mediadas pelo Processo de Luanda. A recusa da RDC em dialogar com o M23 e em tratar das raízes do conflito prolongou os combates, com impactos negativos para toda a região, incluindo Ruanda. Autoridades afirmam que aqueles que deveriam trabalhar por uma solução estão, na prática, agravando a crise.
Apesar do cenário de tensões, Ruanda reafirmou seu compromisso com uma solução política e ressaltou a necessidade de revitalizar os processos de Luanda e Nairóbi. Segundo o governo, ambos os mecanismos são cruciais para alcançar paz e estabilidade duradouras em toda a região.