Angola exige retirada de tropas ruandesas do Congo e defende retomada das negociações de paz

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O presidente de Angola, João Lourenço, exigiu nesta quarta-feira a retirada imediata das tropas ruandesas da República Democrática do Congo (RDC), em meio à escalada de combates entre os rebeldes do M23 e o exército congolês na cidade de Goma.

Como mediador da União Africana (UA) no conflito entre Congo e Ruanda, Lourenço também defendeu a retomada do diálogo com o M23 e outros grupos armados atuantes no território congolês. Em comunicado oficial, ele expressou profunda preocupação com a ocupação de Goma, capital da província de Kivu do Norte, pelos insurgentes.

A intensificação dos confrontos já deixou ao menos 25 mortos em Goma e nove em Ruanda, além de centenas de feridos. Entre as vítimas, estão 17 soldados da paz, incluindo 13 sul-africanos, três malauianos e um integrante das forças da ONU.

Violações ao Processo de Paz de Luanda

Lourenço destacou que a ocupação de Goma representa uma séria violação do Processo de Paz de Luanda. Ele lembrou que, em reuniões recentes da UA com os presidentes congolês Felix Tshisekedi e ruandês Paul Kagame, ambos se comprometeram a respeitar um cessar-fogo e adotar medidas para desmobilizar as Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR). Além disso, havia um entendimento sobre a retirada das tropas ruandesas do território congolês, algo que ainda não ocorreu.

Posição da África do Sul

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, também se manifestou sobre a situação, reforçando a necessidade de respeitar a soberania do Congo, conforme estipulado na Carta da ONU.

“O território da RDC deve ser respeitado de acordo com os princípios da soberania, integridade territorial e independência política dos Estados”, declarou Ramaphosa.

Em conversa com Paul Kagame na última segunda-feira, o líder sul-africano abordou a escalada do conflito e as mortes dos soldados da paz. Ambos concordaram sobre a urgência de um cessar-fogo e da retomada das negociações de paz, segundo comunicado do governo sul-africano.

Ramaphosa lamentou a morte dos soldados de manutenção da paz e enviou condolências às famílias das vítimas. Ele descreveu a situação em Goma e na cidade vizinha de Sake, onde forças sul-africanas estão estacionadas, como “tensa, volátil e imprevisível”.

“A presença militar da África do Sul no leste da RDC não é uma declaração de guerra contra nenhum país ou Estado”, enfatizou o presidente.

A comunidade internacional segue acompanhando os desdobramentos do conflito, enquanto crescem os apelos por uma solução pacífica para a crise na região.

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