
A Organização das Nações Unidas (ONU) informou nesta quarta-feira que a situação em Goma, na República Democrática do Congo, segue tensa, mas apresenta sinais de estabilidade. Os combates entre as forças do governo e os rebeldes do M23, que disputam o controle da cidade, continuam, embora em menor intensidade.
De acordo com Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, ainda há registros de tiroteios esporádicos, mas houve uma diminuição significativa nos confrontos. Ele ressaltou que a prioridade da Missão de Estabilização da ONU no Congo (MONUSCO) é proteger civis, além de garantir a segurança do seu próprio pessoal e infraestrutura.
“Hoje, nossas forças de paz estão planejando patrulhas em Goma para avaliar a situação, realizar reabastecimentos e verificar as rotas até a capital, Kinshasa”, explicou Dujarric.
Ele também destacou que, apesar dos apelos para manifestações, a cidade registrou menor mobilização popular nesta quarta-feira. No entanto, protestos recentes em frente a embaixadas como as da França, dos Estados Unidos e de países africanos, como Quênia, Uganda e Ruanda, demonstraram a crescente insatisfação popular. Muitos manifestantes acusam Ruanda de apoiar o M23, acirrando a crise.
A ONU lamentou a morte de seus soldados da paz no conflito e reforçou que ataques contra suas tropas podem ser considerados crimes de guerra. “O número total de soldados feridos desde a última ofensiva do M23 chegou a 22”, revelou Dujarric.
Crise humanitária e riscos para trabalhadores humanitários
A escalada da violência também afetou operações humanitárias na região. Segundo a ONU, armazéns de ajuda foram saqueados, prejudicando a distribuição de suprimentos e colocando trabalhadores em risco. O fechamento do aeroporto de Goma e o bloqueio de rodovias agravaram ainda mais a crise, dificultando o transporte de cargas humanitárias e a movimentação de equipes de socorro.
Enquanto isso, as disputas pelo controle da cidade continuam. Os rebeldes do M23 afirmam ter tomado o leste de Goma na última segunda-feira, enquanto o governo congolês insiste que tropas ruandesas estão envolvidas no conflito. A ONU confirmou que pelo menos 25 pessoas morreram em Goma e outras nove em Ruanda, além de centenas de feridos.
Interesses estratégicos e econômicos
Goma é um ponto estratégico para o comércio e a economia regional, sendo uma das portas de entrada para a exploração de vastos recursos minerais do leste do Congo, como coltan, ouro e estanho, fundamentais para indústrias globais de tecnologia. Especialistas acreditam que o M23 busca dominar esses recursos para fortalecer sua posição em possíveis negociações com o governo.
O grupo rebelde afirma que sua luta também é motivada por reivindicações de minorias étnicas, alegando que a comunidade tutsi local sofre discriminação. Em contrapartida, o governo congolês acusa o M23 de promover a instabilidade na região com apoio estrangeiro, principalmente de Ruanda, uma acusação negada repetidamente pelo governo de Kigali.
A crise continua sem solução aparente, com milhares de pessoas deslocadas e a comunidade internacional monitorando a situação de perto.