
Pelo menos 44 civis foram mortos e 28 ficaram feridos em um ataque realizado por uma facção do Movimento de Libertação do Povo do Sudão-Norte (SPLM-N), liderada por Abdelaziz al-Hilu, em Kadugli, capital do estado de Kordofan do Sul, no sul do Sudão. O anúncio foi feito pelas autoridades locais na segunda-feira.
O SPLM-N, que luta contra o exército sudanês nas regiões de Kordofan do Sul e Nilo Azul desde 2011, exige um status especial para essas áreas. De acordo com um porta-voz do governo sudanês, as forças do grupo rebelde bombardearam Kadugli com fogo de artilharia na manhã de segunda-feira, atingindo civis, incluindo mulheres e crianças. Entre as vítimas estava o Imam Nizar Mohamed Tom, pregador da histórica Mesquita Velha de Kadugli.
O governador de Kordofan do Sul, Mohamed Ibrahim Abdel Karim, condenou veementemente o ataque, classificando-o como “uma agressão brutal contra civis”. Ele afirmou que o exército sudanês respondeu de forma eficaz, causando pesadas baixas aos rebeldes em termos de pessoal, veículos e equipamentos, além de apreender armas e munições.
O comandante militar sudanês Faisal Mukhtar, da 14ª Divisão de Infantaria, declarou que as forças armadas retomaram o controle da situação em Kadugli após o ataque. No entanto, o SPLM-N ainda não se manifestou sobre o incidente.
Este ataque ocorre em um momento de intensificação dos conflitos no Sudão. Enquanto o exército sudanês expande seu controle nos estados de Cartum e Al Jazirah, onde enfrenta as Forças de Apoio Rápido (RSF) desde abril de 2023, a violência em Kordofan do Sul destaca a complexidade e a abrangência da crise no país.
A guerra civil no Sudão já resultou em mais de 20.000 mortes e deslocou quase 14 milhões de pessoas, segundo dados da ONU e autoridades sudanesas. No entanto, estimativas de uma universidade dos EUA sugerem que o número real de mortos pode chegar a 130.000. Organizações internacionais alertam para uma catástrofe humanitária iminente, já que os combates se espalharam para 13 dos 18 estados do país, deixando milhões de pessoas em risco de fome e morte devido à escassez de alimentos e à interrupção de serviços essenciais.
A situação em Kadugli reforça a urgência de uma solução diplomática para o conflito, que continua a devastar o Sudão e a ameaçar a estabilidade regional.