
As autoridades sanitárias asseveram que todos os corpos que seguiam no interior da viatura do Conselho Municipal de Maputo, transladados da morgue do Hospital Central de Maputo (HCM), na quarta-feira, tinham os seus órgãos completos.
Portanto, são falsas as informações alegando que tinham os seus órgãos extraídos.
“A nível do Ministério da Saúde (MISAU), neste momento, não existe nenhuma lei que tenha sido aprovada para a doação de órgãos. Quero com isto dizer que não existe em Moçambique, nenhum acesso a órgãos de nacionais para qualquer finalidade”, disse a médica-legista do HCM, Stela Matsinhe, em conferência de imprensa, esta quinta-feira (06), em Maputo.

“Nos países onde está devidamente regulamentado, a doação deve acontecer antes que o indivíduo perca a vida, porque, senão, estes órgãos não têm nenhum valor para o receptor. Ou seja, as células devem estar vivas para poderem fazer o efeito desejado no corpo de quem vai receber”, esclareceu.
Referiu que existem procedimentos legais que devem ser executados nas unidades sanitárias, onde os corpos são submetidos a uma autópsia para que se investigue as causas destas mortes.
“Estas autópsias podem acontecer não apenas para falecidos dentro de unidades sanitárias que seja necessário fazer um estudo mais aprofundado, mas também feitas em corpos que vêm de fora por suspeita de violência”, disse.
As autópsias são realizadas de forma minuciosa. “Para o efeito, é preciso abrir todo o corpo, fazer análises de todas as partes do mesmo e este processo é feito por técnicos capacitados e formados para o efeito. Quando este processo termina faz-se o fechamento do corpo através de uma sutura como nós assim chamamos para que este corpo seja devolvido para as suas famílias com o mínimo de dignidade”.
“Por isso, nenhuma autópsia médico-legal é feita sem autorização da família, porque esta tem que assinar que consente a realização da autópsia, ou por outra, se quiser saber da causa de morte, solicitar a autópsia, assinar e confirmar o pedido da mesma”, assegurou.
Stela Matsinhe aproveitou a oportunidade para apelar à população, para que se aproxime à polícia local, hospitais e morgues, caso haja alguma situação que esteja fora dos padrões citados. “Nós estamos disponíveis para fazer valer a justiça para a população e garantir que os nossos falecidos tenham o seu enterro de forma condigna”.
Explicou que após a autópsia, os corpos são liberados para passarem para a morgue do cemitério onde se pretende fazer o enterro, mediante a confirmação da disponibilidade de espaço para o mesmo.
Portanto, não tendo esta informação disponível e algumas vezes não havendo espaço, por uma questão de garantia, qualidade e conservação, os gestores do enterramento, informam à família que o corpo está conservado na morgue anexa ao cemitério municipal de Michafutene.(RM /AIM)