
Conselho de Segurança é instado a agir para conter a violência e proteger civis e soldados da paz
Washington, 26 de janeiro de 2025
O chefe das forças de paz das Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix, fez um apelo enfático aos rebeldes do M23 para que cessem suas atividades e abandonem o território ocupado na República Democrática do Congo (RDC). Durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, Lacroix ressaltou que a violação da soberania do Congo contraria os princípios do direito internacional e da Carta da ONU.
Nas últimas 48 horas, ataques atribuídos ao M23 resultaram na morte de dois soldados sul-africanos e um uruguaio da Missão da ONU no Congo (MONUSCO), além de ferimentos em outros 11 membros das forças de paz. Lacroix destacou que essas agressões podem ser classificadas como crimes de guerra e reafirmou o compromisso da MONUSCO com a proteção da população civil, mesmo em condições adversas.
O Conselho de Segurança foi convocado a enviar uma mensagem firme ao M23, enfatizando que ameaças à vida de civis e integrantes da ONU não serão toleradas.
“Ainda é possível evitar o pior, desde que este conselho aja sem demora”, declarou Lacroix.
Enquanto isso, o M23 anunciou o fechamento do espaço aéreo sobre Goma, cidade estratégica no leste do Congo, alegando que forças aliadas ao governo estão utilizando o aeroporto local para operações militares.
Bintou Keita, representante especial do Secretário-Geral da ONU para a RDC, alertou que a situação está em um “ponto crítico”. Apesar do apoio contínuo da MONUSCO ao exército congolês, forças do M23, supostamente apoiadas por Ruanda, avançaram em direção a Goma, causando pânico e deslocamento em massa. Com estradas bloqueadas e o aeroporto fora de operação, os esforços humanitários enfrentam grandes obstáculos.
Keita apelou para que Ruanda interrompa qualquer apoio ao M23 e contribua para a retirada dos rebeldes do território congolês.
Joyce Msuya, vice-chefe de ajuda humanitária da ONU, destacou que mais de 21 milhões de pessoas já precisam de assistência no Congo, configurando uma das maiores crises humanitárias globais. Msuya pediu ao Conselho de Segurança que pressione por um cessar-fogo imediato e enfatizou a necessidade de proteger civis e trabalhadores humanitários.
“A escala do sofrimento na RDC exige atenção urgente. Não podemos ignorar a difícil situação enfrentada por mulheres, homens e crianças neste país”, concluiu Msuya.